O escritório de 2023: principais tendências da força de trabalho que moldarão o próximo ano

O que está reservado para o local de trabalho de 2023? Fique atento ao trabalho híbrido, semanas de trabalho mais curtas, mais oportunidades de aprimoramento… e possivelmente até mesmo um pouco de realidade virtual.

Houve muitas mudanças em nossas vidas profissionais nos últimos dois anos. Em 2020, a pandemia obrigou muitos a trabalhar de casa, enquanto em 2021 a Grande Demissão mostrou que os trabalhadores não tiveram medo de pular do barco em busca de melhores oportunidades.

Este ano, as empresas estão jogando cabo-de-guerra com os funcionários sobre as políticas de retorno ao escritório, ao mesmo tempo em que lutam contra a concorrência pelos melhores talentos em tecnologia. Em particular, os empregadores estão encontrando maneiras criativas de ajustar suas estratégias de contratação para atrair e reter talentos em um pool que encolheu nos últimos dois anos.

À medida que as incertezas econômicas aumentam em 2023, o ZDNET examina como essas tendências podem moldar o local de trabalho nos próximos 12 meses.

Retenção por meio de qualificação

Em 2023, os trabalhadores podem esperar que seus empregadores invistam mais em programas de treinamento e qualificação para equipá-los com as habilidades de que precisam. Jamie Kohn, diretor de pesquisa do Gartner HR, diz que as empresas precisarão buscar qualificação interna para compensar a crescente escassez de talentos.

“As empresas estão se concentrando muito mais em seu mercado de trabalho interno e pensando em como podem levar funcionários de alto desempenho e movê-los para posições onde eles precisam mais, então pensar em programas de qualificação como parte de uma estratégia de mobilidade interna é muito importante, ” Kohn disse ao ZDNET.

De acordo com Kohn, os funcionários querem aprender habilidades que os beneficiem em seus empregos atuais e em suas carreiras de forma mais ampla. As oportunidades de desenvolvimento e crescimento na carreira são parte integrante da retenção de funcionários, diz ela. “As pessoas querem crescer além de apenas sua função. Elas estão pensando no crescimento ao longo de toda a carreira. Se você não pode oferecer essas oportunidades de crescimento expandido, então você definitivamente vai lutar e perder pessoas.”

A oportunidade de aprender novas habilidades em um trabalho é tão importante para os funcionários que 83% dos trabalhadores colocam a melhoria de suas habilidades como sua prioridade número um no próximo ano, de acordo com uma pesquisa recente da Amazon e da Workplace Intelligence .

O mesmo estudo descobriu que 74% dos funcionários estão dispostos a deixar seu emprego atual devido à falta de opções de desenvolvimento de habilidades e mobilidade na carreira. 

“No mercado de trabalho de hoje, impulsionado pelos funcionários, eles se sentem capacitados para procurar um empregador que realmente apoie suas metas e ambições de carreira de longo prazo”, comentou Dan Schawbel, sócio-gerente da Workplace Intelligence.

“As empresas que reconhecem isso e fornecem um alto nível de suporte – desde mais tempo para o desenvolvimento de habilidades durante o dia de trabalho até melhores benefícios e programas de aprendizado – ficarão um passo à frente na guerra contínua por talentos.”

O trabalho híbrido e remoto não vai a lugar nenhum

Apesar de muitas empresas incentivarem os funcionários a retornar ao escritório, os funcionários não estão abrindo mão do trabalho híbrido e remoto . E com uma recessão ameaçando aumentar ainda mais o custo de vida, os trabalhadores não querem gastar dinheiro extra com gasolina, almoço e seus macchiatos matinais. 

Paul Silverglate, vice-presidente do setor de tecnologia da Deloitte nos EUA, diz que as empresas que não adotaram totalmente o trabalho remoto e híbrido citarão uma crise econômica para justificar as políticas de retorno ao escritório no próximo ano. As empresas que adotaram novas formas de trabalhar, entretanto, encontrarão soluções para continuar com as políticas de trabalho híbrido e remoto e torná-las melhores.

Por outro lado, Simon Roderick, diretor administrativo de serviços financeiros da Fram Search, argumenta que nem todos os setores serão duramente atingidos por uma recessão que se aproxima e sugere que seria um erro revogar as opções de trabalho remoto ou híbrido. “Híbrido funcionou de forma brilhante para a maioria das empresas baseadas em serviços e, dado que ainda há escassez de habilidades, é uma obrigação para a estratégia de retenção da maioria das empresas”, disse Roderick ao ZDNET. 

“Nem todos os setores sofrerão uma forte recessão e, portanto, é aconselhável não alienar as equipes tirando a flexibilidade, mas alguns sofrerão, e todos sabemos que a economia geralmente desacelerará em 2023”.

Roderick acredita que um tema abrangente para o local de trabalho em 2023 será ajustar a forma como os funcionários trabalham remotamente. Ele diz que pode haver um aumento na vigilância de trabalhadores remotos que permitirá aos gerentes observar a produtividade , e os executivos podem impor mandatos de retorno ao escritório como reação a uma desaceleração nos negócios.

“Se os três ‘R’s de 2021 e 2022 foram aposentadoria, renúncia e realocação, os três ‘R’s de 2023 podem ser voltar ao escritório, recessão e reajuste”, diz ele. “O mundo do trabalho passou por grandes mudanças desde a pandemia e seria bom não ver os aspectos positivos dessa mudança desfeitos por uma recessão”.

Silverglate acredita que a tecnologia, o redesenho do escritório e a sustentabilidade impulsionarão o trabalho híbrido e remoto em 2023. A videoconferência tornou-se um item básico nas práticas de trabalho em casa, mas a RV está surgindo para tornar a experiência mais imersiva e produtiva.

“Quando muitos estão pessoalmente e um membro da equipe precisa ser virtual, a tecnologia VR pode realmente reduzir a lacuna percebida entre os dois, que é uma das maiores reclamações que ouvi sobre os desafios da tecnologia tradicional de videoconferência no que se refere para equipes híbridas”, diz ele.

James Ross, diretor-gerente da Hype Partners, concorda que a RV se tornará mais integrada ao trabalho híbrido para acomodar os trabalhadores que se sentem desconectados de seus colegas. “À medida que mais de nós optamos pela flexibilidade de trabalhar em casa, as experiências virtuais serão vitais para melhorar a coesão no local de trabalho e ajudar os funcionários a se sentirem mais conectados uns aos outros”, disse ele ao ZDNET. 

“Um passeio virtual pelo escritório no seu primeiro dia? Um jogo rápido de esgrima de realidade mista no seu horário de almoço? Um passeio em equipe no Roblox? Todos nós sentimos a necessidade de nos divertir com nossos colegas e estou curioso para ver como isso se desenvolve virtualmente.”

Ross acredita que, à medida que o metaverso se torna mais tangível, a Big Tech encontrará maneiras de entrar em ação. Com empresas como Microsoft, Google e Samsung investindo pesadamente no mercado VR/MR/XR, Ross espera um grande boom em VR para trabalho híbrido.

“A Microsoft também tem feito progressos no espaço, integrando avatares virtuais em sua ferramenta de trabalho remoto Teams”, diz ele. “A competição entre esses grandes rebatedores e o Google provavelmente chegará ao auge em 2023, então espero uma grande mudança nessa área”.

Muitos escritórios também estão abandonando cubículos e outros layouts tradicionais, agora que as pessoas podem concluir seu trabalho em casa. Silverglate sugere que os redesenhos de escritórios nos próximos anos promoverão o trabalho colaborativo e reinventarão mais completamente a experiência do escritório. 

“Já estamos vendo e ouvindo firmas de design começarem a abordar como redesenhar e redefinir todos os tipos de espaços corporativos que podem ser flexíveis para onde a indústria está em um determinado momento. Particularmente, estamos vendo o espaço de escritório ser mais focado em equipes e colaboração e menos no trabalho independente que pode ser feito remotamente.”

As opções completas de trabalho remoto diminuíram ligeiramente no ano passado, mas o trabalho remoto não pode ser totalmente descartado em um ambiente de trabalho pós-pandemia. Mais empresas estão se comprometendo a diminuir suas emissões de carbono, e Silverglate acredita que essas promessas incentivarão as empresas a manter suas opções de trabalho remoto no futuro.

“Acho que o trabalho remoto nunca voltará totalmente para onde estávamos no passado”, diz ele. “Não devemos subestimar o fator de sustentabilidade aqui. À medida que mais e mais empresas se comprometem a ser neutras em carbono até 2040 ou 2050, reduzir a pegada de carbono dos deslocamentos e viagens de negócios é uma alavanca importante.”

Equilíbrio entre vida pessoal e profissional é mais crucial do que nunca

O trabalho híbrido e remoto oferecia algo que os funcionários não recebiam muito antes da pandemia: mais equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. Geralmente é o primeiro benefício que os funcionários citam quando perguntados por que gostam de trabalhar em casa. 

Trabalhar em casa permitiu que os funcionários designassem certas horas para trabalho ininterrupto, enquanto ainda podiam atender às suas obrigações pessoais. E à medida que o retorno ao escritório se torna mais comum, Kohn acredita que os funcionários não se importam com o local onde trabalham, mas é essencial ditar quando e como eles trabalham.

Em 2023, Kohn acredita que os funcionários prestarão mais atenção em quanta flexibilidade seu trabalho oferece, e essa flexibilidade será uma condição sob a qual as pessoas trabalham. As empresas que não têm horários de trabalho flexíveis correm o risco de perder os melhores talentos.

“Não é tanto que as pessoas queiram trabalhar em casa, mas ter a flexibilidade de adaptar o trabalho às suas vidas é essencial para as pessoas”, diz ela. “Se você deseja reter as pessoas a longo prazo, precisa pensar em como oferecerá essa flexibilidade”.

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E como o burburinho continua em torno de semanas de trabalho de quatro dias, algumas empresas estão reconhecendo que semanas de trabalho mais curtas são uma maneira infalível de oferecer aos funcionários um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Semanas de trabalho de quatro dias não ameaçam a produtividade do trabalhador na medida em que os pessimistas afirmam, além de permitir que os trabalhadores tenham mais tempo para descansar e passar mais tempo com suas famílias.

Charlotte Lockhart, fundadora e diretora executiva da 4 Day Week Global Foundation, prevê que semanas de trabalho de quatro dias se tornarão mais comuns em 2023. Ela explica que, mesmo que algumas empresas não possam se comprometer a cortar um dia inteiro da semana, as horas de trabalho serão igualmente populares no próximo ano. 

Lockhart aponta que semanas de trabalho de quatro dias eram anteriormente reservadas para empresas privadas em busca de uma mudança. Mas agora, os governos locais estão se envolvendo e experimentando semanas de trabalho mais curtas também. Os congressistas dos EUA propuseram uma semana de trabalho mais curta , solidificando o sentimento de que a redução das horas de trabalho é altamente popular.

“A resposta que tivemos até agora foi de empresas privadas fazendo isso. Mas agora estamos começando a ver governos locais e algumas organizações de serviço civil fazendo isso em todo o mundo”, disse Lockhart ao ZDNET.

“Na minha opinião, atingimos o ponto de inflexão em que a prevalência para 2023 será bastante significativa. Isso se tornará muito mais normal e se tornará uma espécie de coisa que fazemos como uma nova maneira de trabalhar em vários das economias”.

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